A contestação do despedimento de 20 professores de português na Suíça originou hoje, na capital do país, a maior manifestação da comunidade portuguesa por questões relacionadas com a língua, disse um elemento do Conselho Português das Comunidades (CCP).
Contactado pela agência Lusa, Manuel Beja disse que, após a concentração, uma delegação de cinco pessoas foi recebida pelo encarregado de negócios da embaixada portuguesa em Berna, João de Deus, a quem foram tentar sensibilizar para a necessidade de recuar na decisão de despedir os professores.
A ação de rua, que decorreu junto ao parlamento federal, em Berna, foi convocada pelo Movimento em Defesa do Ensino do Português e pelo sindicato suíço UNIA.
«As indemnizações pagas pelo despedimento e o subsídio de desemprego que vão receber sai mais caro do que continuarem a pagar-lhes os vencimentos», argumentou o representante do CCP.
A decisão do Governo de Lisboa deixou sem ensino de língua portuguesa cerca de 1.200 estudantes que frequentam o 10º, 11º e 12º ano, acrescentou o responsável.
Manuel Beja disse que o protesto de hoje serviu para demonstrar que os emigrantes portugueses na Suíça estão «muito empenhados» na defesa do ensino da sua língua materna.
O despedimento dos docentes foi uma «decisão ligeira e irresponsável» do Ministério dos Negócios Estrangeiros e, «sobretudo», do Instituto Camões, responsável pelo ensino e divulgação do português no estrangeiro, acusou Manuel Beja.
A decisão criou o «caos» que se está a viver entre os emigrantes portugueses na Suíça, constituída por 220 mil pessoas, segundo estatísticas oficiais do país, acrescentou.
Da comunidade fazem parte 27.600 crianças e jovens com idades entre os sete e os 15 anos, 15 mil das quais frequentam cursos de língua e cultura portuguesa, disciplina que nalgumas regiões (cantões) faz parte dos currículos oficiais, salientou.
Manuel Beja congratulou-se com o facto de a questão estar a ser acompanhada pelo Parlamento português, onde deverá mesmo vir a ser discutida em plenário.
Além das duas dezenas de professores que lecionavam na Suíça, o Instituto Camões rescindiu, em dezembro passado, os contratos com outros 29 docentes que ensinavam português em França (20) e Espanha (9).
[TSF.pt / Lusa]